A Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor (SEDCON-RJ) e o Procon-RJ, em parceria com o Sindicel, realizaram mais uma etapa da operação Fio a Fio, que tem como foco combater a produção e comercialização de cabos elétricos fora da conformidade e ordenar a instalação de fios nos postes do estado. A fiscalização desta quarta-feira encontrou mais de 100 mil metros de cabos irregulares em lojas de materiais de construção, todos fora das especificações técnicas exigidas.

Segundo as equipes, esses produtos representam risco direto ao consumidor, já que podem provocar aumento de consumo, curto-circuitos e incêndios. A operação atua em dois eixos: a verificação de materiais que não seguem os padrões da ABNT e a desordem gerada por fios, cabos e equipamentos instalados de forma irregular nos postes.

O setor vive um problema amplo. Dados do Sindicel apontam que cerca de 30% dos fios de cobre em circulação no país têm origem ilícita, alimentando um mercado clandestino de R$ 2,4 bilhões. Além disso, a Abracopel indica crescimento de 11,6% nos acidentes elétricos entre 2023 e 2024, totalizando 2.373 ocorrências, sendo 759 fatais. Incêndios residenciais também aumentaram, passando de 963 para 1.205 no período.

As irregularidades costumam surgir já na fabricação. Entre as fraudes mais frequentes estão cabos "desbitolados", com menos cobre do que o necessário e excesso de PVC, o que prejudica a condução elétrica e aumenta o risco de incêndio. Outro problema é o uso inadequado de alumínio revestido no lugar do cobre, prática que reduz a eficiência e compromete conexões.

A operação também enfrenta a desordem criada pelos fios irregulares instalados nos postes. Muitos estão soltos, partidos ou abandonados, expondo pedestres a riscos e afetando serviços como internet, telefonia e energia.

O secretário Gutemberg Fonseca destacou a importância da ação. "Estamos combatendo produtos que colocam o consumidor em risco real de choque elétrico, curto-circuito e incêndios. Fios fora da conformidade comprometem instalações e colocam vidas em perigo. Além disso, a desorganização dos cabos nos postes é um desrespeito à cidade e à população. Com a operação, exigimos responsabilidade, segurança e qualidade no ambiente urbano", afirmou. Ele reforçou a necessidade de continuidade das fiscalizações. "Nosso objetivo é preservar a vida, o bem-estar e a ambiência urbana. A segurança elétrica não é apenas uma questão técnica, é uma questão de proteção ao consumidor e de responsabilidade compartilhada", completou.

A orientação dos órgãos é para que consumidores verifiquem a presença do selo do Inmetro ao comprar cabos e produtos elétricos, garantindo que eles atendem aos requisitos mínimos de segurança. Denúncias podem ser feitas pelos canais da SEDCON, do Procon-RJ e pelo Disque Denúncia.

A operação ganhou reforço institucional após a assinatura de um protocolo de intenções entre SEDCON, Procon-RJ e Sindicel, que prevê capacitação de agentes, troca de informações estratégicas e a realização de fiscalizações conjuntas para retirar do mercado produtos irregulares.

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