Dois incêndios no intervalo de um dia com a mesma origem: sobrecarga de energia
Por que continuam a acontecer?
E, novamente, as mídias repercutem um incêndio de origem elétrica e, certamente, originado em instalações elétricas com fios e cabos desbitolados. Aconteceu no dia 29/07, em Recife, em um prédio de alto padrão e a repercussão é por conta de que no apartamento estava a apresentadora Maísa Silva. Felizmente, não houve vítimas, somente danos patrimoniais, mas o alerta se acende novamente: incêndio gerado por sobrecarga de energia em um prédio de alto padrão? Estranho? Nem tanto.
Corredor do apartamento onde a atriz Maísa Silva quando houve um incêndio no Recife - Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros
O mercado brasileiro de fios e cabos é tão 'prostituído' que até grandes construtoras podem fazer parte de um esquema de venda defios e cabos de péssima procedência, mas 'infelizmente' certificados pelo Inmetro. E como isso pode acontecer? Simples: a empresa fabrica um fio de boa qualidade, passa pela inspeção do Inmetro, recebe o selo de qualidade e, a partir daí passa a 'misturar' o fio de cobre com outros materiais, ou usar o cabo de alumínio cobreado que, nada mais é que um cabo de alumínio com uma 'capa' de cobre.
E o que acontece com esse tal cabo desbitolado? Ele possui uma alta resistência que, em outras palavras, quer dizer que ele aquece muito mais facilmente e rapidamente quando é exigida uma demanda mais alta de energia elétrica. Imagina ligar o micro-ondas e a Air Fryer na mesma tomada ao mesmo tempo: muita energia exigida.
Se o cabo não for de qualidade, com a quantidade correta de cobre e instalado de forma certa, o fio começa a aquecer muito depressa, a partir de um certo momento a capa de plástico que o protege derrete e aí....sobrecarga, curto e incêndio, nesta sequência!
Provavelmente, foi o que aconteceu no apartamento em que a apresentadora Maísa estava, o cabo aqueceu o arcondicionado, a capa derreteu, deu curto-circuito e o aparelho começou a pegar fogo! Infelizmente, apenas um dia depois, na capital carioca, outro incêndio com as mesmas características, desta vez em um aparelho de TV, vitimou uma pessoa. O fisiculturista Hugo Sergio, de 30 anos, quando percebeu o incêndio, correu para tirar a esposa e a filha de 6 anos do imóvel. Porém, ele retornou para salvar o cachorro, mas a porta emperrou e ele aspirou muita fumaça tóxica, vindo a falecer.
A esposa e a filha foram levadas para atendimento médico e, segundo informações, a criança teve 70% do corpo queimado. São situações como essa que fazem o Sindicel, sindicato das empresas fabricantes de fios e cabos, continuar sua luta pela moralização deste mercado criminoso de fios e cabos no Brasil.
Não é possível empresas desonestas continuarem fabricando e vendendo material de péssima qualidade, colocando em risco a vida das pessoas. Pessoas que não podem nem se defender, afinal quem sabe o que pode conter dentro das paredes da sua casa?
O Sindicel tem realizado diversas ações de treinamento e conscientização por todo o país, levando informações de qualidade e demonstração de produtos certificados para as entidades fiscalizadoras nos estados. Tal ação visa qualificar ainda mais os profissionais que saem à campo para fiscalizar e apreender produtos de má qualidade.
Além disso, o Sindicel, por meio da Qualifio, entidade parceira que tem por missão buscar no mercado os fios de qualidade duvidosa, testá-los por meio de diversos ensaios e atestar - ou não - sua qualidade, faz uma varredura constante em todas as lojas que vendem materiais elétricos. Os fios e cabos ruins encontrados e testados, e as empresas que os fabricam são denunciadas ao sindicato que repassa a informação aos órgãos competentes de busca e apreensão.
Mas, o mais importante é o consumidor estar alerta para esses abusos. Ao construir ou reformar sua casa, seu comércio, sua indústria se atentem para a qualidade dos fios e cabos. Converse com o profissional responsável, questione se a marca do fio ou cabo sugerido para compra tem credibilidade. E mesmo assim, observe o fio, veja se dentro da capa protetora (aquela colorida) estão fios de cobre, raspe o fio e veja se dentro não é branco. Se for, o cabo é de alumínio cobreado, ou seja, não compre! Observe também o preço - valores muito abaixo dos praticados no mercado é motivo de grande desconfiança; veja também o peso do produto, fios e cabos com alumínio são mais leves que os de cobre. São algumas dicas para proteger você, consumidor, de comprar gato por lebre e ter em sua casa ou apartamento as tristes experiências relatadas nesta matéria. Fique de olho!
Além de causar aumento da conta de luz, curto-circuitos podem danificar aparelhos elétricos, provocar prejuízos materiais e também riscos à vida. Em 2023, mais de 400 pessoas morreram no Brasil...
Das 85 empresas vistoriadas, 39 receberam auto de infração por conter algum tipo de irregularidade. O material foi recolhido e levado para o depósito do setor da Qualidade, na sede...
Investigadores do Deic de São Paulo descobriram uma fábrica clandestina de fios de cobre localizada na Zona Leste de São Paulo. Os fios produzidos no local não cumpriam as certificações...
O Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) do Estado de Roraima realiza, até sexta-feira (14), a Operação Nacional Energia Segura, em conjunto com o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade...
O setor da Qualidade do Instituto de Metrologia do Estado do Piauí (Imepi) apreendeu mais de 30 rolos de fios e cabos elétricos irregulares em Teresina. A fiscalização faz parte...
- Matérias de interesse do setor, publicadas nas mídias impressas e internet.